Os Livros de Cidades no século XVI e inícios do século XVII
A partir dos finais do século XIV com os avanços da geometria, em particular a perspectiva, a cidade torna-se tema de representação autónoma e surgem representações da cidade como um todo que pretendem exprimir e intervir na forma da cidade, e estas já não figurando como paisagens complementares de temáticas religiosas. Surgem assim para além das cartas planimétricas as quais requerem uma aprendizagem para a sua leitura, as vistas da cidade à “vol d’oiseau” (vista de pássaro) que são de fácil apreensão. Muitas dessas imagens resultam de encomendas do poder real procurando o conhecimento, o controle e a defesa das cidades do reino, e ainda o prestígio e os interesses comerciais dessas mesmas cidades. Não nos deteremos para já sobre a cartografia nem sobre a representação avulsa de algumas cidades europeias, para apontar o aparecimento dos livros que pretendem apresentar um conjunto de vistas de cidades.
Os Antecedentes
Nos finais do século XV, aparecem por encomenda real os levantamentos das cidades, ainda manuscritos e em pergaminho, que constituem os antecedentes dos Livros de Cidades.
Assim, encomendado e dedicado ao rei de França Charles VII, o Vitorioso (1403 –1461), Guillaume Revel desenha, por volta de 1456, o l’Armorial d’Auvergne, Forez et Bourbonnais, em memória de Charles I, (1434–1456) 5º duque de Bourbon.
Tratava-se de registar os brasões de todas as famílias nobres existentes no ducado e sobretudo de representar os seus feudos, cidades e castelos.
Guillaume Revel, Armorial d'Auvergne, Forez et Bourbonnais France, vers 1456
BnF, département des Manuscrits, Français 22297, fol. 369
O projecto demasiado ambicioso, apenas foi parcialmente realizado mas contém um conjunto de vistas particularmente interessante para o conhecimento da topografia urbana no centro de França na Idade Média. Pensa-se que para além de Guillaume Revel que desenhou os elementos heráldicos, dois outros artistas realizaram esboços nos locais, sendo depois completados em atelier, mas sempre com uma preocupação de realismo em particular nos aspectos dos sistemas defensivos dos castelos e das cidades desenhadas. Depois da morte de Charles VII em 1456, o Armorial d'Auvergne Bourbonois et Forestz foi interrompido e do conjunto das 506 estampas previstas muitas não chegaram a ser executadas. O Armorial (Livro de Armas) compõe-se de vistas de cidades, aldeias e fortalezas do Auvergne, do Bourbonnais e de Forez.
Alguns exemplos do Armorial de Guillaume Revel
Guillaume Revel Armoiries et vue de Feurs 1456?
Armorial d'Auvergne, Forez et Bourbonnais p.449 Bnf
Guillaume Revel Vue de Saint-Amans 1456?
Armorial d'Auvergne, Forez et Bourbonnais p.100 Bnf
Guillaume Revel Vue de Saint-Saudons 1456?
Armorial d'Auvergne, Forez et Bourbonnais p.110 Bnf
Pormenor da página de Montbrison au Moyen-Age d'après l'Armorial de Guillaume Revel BnF
Pormenor da página do Armorial du Forez" La ville et chatiau de Saint-Bonnet ",Bibliothèque nationale de France BnF
Pormenor de página do Armorial de Revel, France (Auvergne, château et ville de Bussy-la-Ville), 1456 BnF
Nos finais do século XVII, entre 1695 e 1713, Louis Boudan (16..-17..) redesenha o Armorial, retirando-lhe os brasões e fixando-se nas imagens das fortalezas, aldeias e cidades.
Louis Boudan (16..-17..) Veue de l'Abbaye d' Ebreule 1695-1713
Desenho copiado do Armorial de Guillaume Revel c. 1460
Desenho à pena, tinta castanha, lavis de tinta da China e aguarela 28,4 x 28,3 cm BnF
Louis Boudan - Veüe de la Ville et Chateaux de Moulins 1695-1713
Desenho copiado do Armorial de Guillaume Revel c. 1460
Desenho à pena, tinta castanha, lavis de tinta da China e aguarela 28 x 28 cm BnF
Louis Boudan, (16..-17..) Veüe de la Ville de Sainct Pourçain
Desenho copiado do Armorial de Guillaume Revel c. 1460
Desenho à pena, tinta castanha, lavis de tinta da China e aguarela 28,5 x 28,3 cm BnF
Adiante-se que Louis Boudan é ainda o autor já no século XVII, do levantamento de algumas cidades fortificadas do Alentejo (Setúbal, Évora, Elvas, Estremoz), e ainda de uma vista do castelo de Ferreira e outra do Palácio Real de Vila Viçosa esta acompanhada pelo levantamento da vila. São-lhe ainda atribuídos levantamentos de cidades portuguesas na Ásia (Cochim, Columbo, e outras).
Louis Boudan - Plan de la ville et chasteau de Villa-Viçoza, dans le royaume de Portugal
Desenho à pena, tinta da China e aguarela 32,8 x 29 cm BnF
Boudan, Louis (16..-17..) - Veue de la ville et chasteau de Villa-Viçoza, ancien séjour des roys de Portugal, dans la province d'Alentejo, à quatre lieues de la ville d'Elvas
desenho à pena, tinta da China, lavis e aguarela 33 x 29 cm Bibliothèque nationale de France BnF
Louis Boudan (16…-17…) Veue du chasteau de Ferreira, comté en Portugal, dans la province d'Alentejo, à quatre lieues de la ville de Beja
Lavis de tinta da China e aguarela 32 x 28,5 cm BnF
O Livro das Fortalezas de Duarte de Armas 1509
ARMAS, Duarte de. Livro das Fortalezas (Introdução de Manuel da Silva Castelo Branco). Fac-simile do Ms. 159 da Casa Forte do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Lisboa: Arquivo Nacional da Torre do Tombo; Edições Inapa, 1990.
Também em Portugal, no início do século XVI, por encomenda de D. Manuel I (1495-1521), Duarte de Armas desenha as fortalezas e as cidades da fronteira com Espanha e ainda Sintra e Barcelos, em papel de linho e em pergaminho, que reunidos constituem o mais tarde denominado Livro das Fortalezas, adoptando uma breve nota de Duarte de Armas – “Este livro he das fortalezas que sam setuadas no estremo de portugall e castella feyto per duarte darmas escudeyro da casa do mujto alto e poderoso e serenjsymo Rey e Sor dom emanuell ho prymeyro Rey de purtugall e dos algarues daquem e dallem maar em afryca Senhor de gujnee e da conquista e nauegaçaaom e comercyo de ethiopia aRabya pérsia e da índia e etc.”
Na excelente Introdução à publicação Duarte de Armas, O Livro das Fortalezas – Introdução de Manuel da Silva Castelo Branco, Arquivo Nacional da Torre do Tombo e Edições Inapa 1990
Manuel da Silva Castelo Branco num primeiro capítulo, História, Dimensão e Significado do Livro das Fortalezas, apresenta e enquadra o trabalho de Duarte de Armas:
“Em começos de quinhentos, el-rei D. Manuel entregou a Duarte de Armas, hábil debuxador e escudeiro de sua Casa, o encargo de vistoriar as fortalezas, que constituíam a nossa primeira linha defensiva face ao país vizinho, a fim de se inteirar por forma invulgar acerca do seu estado de conservação. Com efeito, Duarte de Armas, acompanhado por um criado a pé, levou a cabo esta missão, percorrendo a cavalo as distâncias entre a maioria das povoações acasteladas da zona fronteiriça, das quais elaborou inúmeros esboços, em papel, com as suas vistas panorâmicas (pelo menos, duas por cada lugar e tiradas ao natural, focando bandas diferentes) e as plantas das respectivas fortalezas; e, neles, teve a preocupação de apontar as partes mais arruinadas e carenciadas de obras. Seguidamente e a partir dos elementos recolhidos no seu trabalho de campo, o nosso artista organizou dois volumes.
No primeiro, o códice B, formado por folhas em papel de linho, teria desenhado 110 cartas panorâmicas, com 296x404 mm., de 55 povoações raianas, desde Castro Marim a Caminha (duas diferentes, para cada lugar) e as plantas de 51 das respectivas fortalezas. Neste exemplar, as vistas podem considerar-se esboços mais aperfeiçoados do que os preliminares, mas ainda imperfeitos por não representarem muitos pormenores relativos ao aspecto das construções e à paisagem onde se achavam integradas. Por isso, todos os desenhos estão recheados de notas interessantes e destinadas, em muitos casos, a suprir tais lacunas. No segundo, o códice A, constituído por grandes folhas de pergaminho, Duarte de Armas levantou de modo semelhante o mesmo número de fortalezas, mas nas cartas panorâmicas, medindo 350x490 mm., vemos incluídas as de duas vilas não fronteiriças — Barcelos e Sintra — com uma e três vistas, respectivamente. Agora, porém, o seu trabalho, mais apurado e completo, vai requintar--se em primorosos detalhes, representando o arvoredo e as culturas, que antes apenas apontara pelos nomes (ex.: olivais, vinha, etc.); a cobertura das casas (em colmo, ardósia ou telha); a estereotomia de paredes, muralhas, aros de portas e janelas, etc., etc. (…) Só neste exemplar aparecem certos pormenores pitorescos da vida cotidiana: um caçador e os seus três cães (Almeida, NE); um almocreve conduzindo duas mulas carregadas (Castelo Branco, SE); camponesas tirando água de um poço (Montalvão, S); um pastor com o seu rebanho (Monsanto, E), etc.”
Num segundo capítulo O Autor e a sua Obra, desenvolve a biografia de Duarte de Armas.
Num 3º Análise Descritiva do Códice em Pergaminho do Livro das Fortalezas
O autor da Introdução indica “..os nomes das povoações (60), a banda das respectivas vistas (114) — duas diferentes por cada lugar, salvo Barcelos (1) e Sintra (3); as de Alegrete, Portalegre e Marvão não se acham mencionadas — e a foliação correspondente, na sua maioria em numeração romana: — Castro Marim, Alcoutim, Mértola, Serpa, Moura, Noudar, Mourão, Monsaraz, Terena, Alandroal, Juromenha, Olivença, Elvas, Campo Maior, Ouguela, Arronches, Monforte, Assumar, Alegrete, Portalegre, Alpalhão, Castelo de Vide, Marvão, Nisa, Montalvão, Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Segura, Salvaterra, Penha Garcia, Monsanto, Penamacor, Sabugal, Vilar Maior, Castelo Mendo, Castelo Bom, Almeida, Castelo Rodrigo, Freixo de Espada à Cinta, Mogadouro, Penas Roias, Miranda do Douro, Vimioso, Outeiro, Bragança, Vinhais, Monforte do Rio Livre, Chaves, Montalegre, Portelo, Piconha, Castro Laboreiro, Melgaço, Monção, Lapela, Valença do Minho, Vila Nova de Cerveira, Caminha, Barcelos e Sintra.
(Nota – o negrito por mim introduzido indica as povoações que a seguir se referenciam)
Num 4º capítulo Localização Temporal do Livro das Fortalezas, Manuel da Silva Castelo Branco, através dos alcaides das povoações documentadas, Manuel da Silva Castelo Branco consegue datar os desenhos do Livro das Fortalezas entre a Primavera de 1509 (Castro Marim) e Setembro de 1509 (Caminha). “Nessa altura regressa a Lisboa mas, no caminho, detém-se ainda em Barcelos, que retrata com uma bela vista panorâmica. Na capital, depois de elaborar também 3 vistas de Sintra, enceta imediatamente o trabalho de gabinete a partir dos esboços preliminares. Daqui resultaram os códices B e A, este último em vias de conclusão no mês de Março de 1510.”
E finalmente a Introdução termina com um 5º capítulo O Mundo das Fortalezas, que utilizaremos para indicar alguns pormenores das imagens do Livro, e em primeiro lugar o método utilizado por Duarte de Armas para realizar as sua imagens.
Segundo Manuel da Silva Castelo Branco “…Duarte de Armas começaria por percorrer a área correspondente ao castelo, tomando nota das suas particularidades. Depois, procuraria um ponto elevado donde pudesse abarcar o conjunto (o eirado da torre de menagem seria o sítio ideal); daí procederia ao traçado geral das linhas de contorno dos diferentes elementos construtivos (ex.: menagem, cubelo, barreira, cisterna, pátio, apousentamento, etc.); por fim executava as medições consideradas necessárias, utilizando para isso uma corda e auxiliado pelo seu criado. A corda permitia a avaliação fácil das alturas de torres, cubelos, muros e barreiras, aonde os medidores se deslocavam sempre que possível…” Assim, em Olivença (S), vemos o próprio artista, debruçado das ameias da torre de menagem e segurando um rolo, em cuja extremidade prendeu um estribo a fim de lhe dar a indispensável tensão.”
Não iremos apresentar todas as imagens, mas seguiremos a ordem da sua execução, de sul para norte, e finalmente Barcelos e Sintra.
Olivença (uma planta e duas vistas)
Planta de Olivença
O uso da corda para medir as alturas “…Assim, em Olivença, vemos o próprio artista, debruçado das ameias da torre de menagem e segurando um rolo, em cuja extremidade prendeu um estribo a fim de lhe dar a indispensável tensão.” (M.S.Castelo Branco)
Elvas (uma planta e duas vistas)
Segundo Manuel da Silva Castelo Branco, com toda a probabilidade “… pois era então muito vulgar o artista identificar-se no próprio trabalho através de marcas, siglas, etc.“ “…os dois indivíduos representados em certo número de vistas panorâmicas do códice A (geralmente, um a cavalo e o outro a pé, e ambos empunhando uma lança defensiva) serem Duarte de Armas e o seu acompanhante (criado ou aprendiz).”
“…O cavaleiro apresenta-se, geralmente, com um turbante à mourisca, tabardo (capa ou capote com capuz e mangas fendidas), borzeguins e esporas, lança na mão e espada suspensa do cinturão ou boldrié; o seu criado, de gorra, pelote justo com meias mangas, saio, meias, sapatas, lança na mão e espada pendente do cinto e talabarte (Elvas, Sul); o cavalo, ajaezado com sela de justa sobre o xairel, silha e estribos largos pendentes, cabeçada, rédea e peitoral (Melgaço, E).
Em todas as vistas e, particularmente, nas de Ouguela (N), Almeida (S) e Castelo Rodrigo (NE), podemos vislumbrar no cavaleiro um indivíduo de estatura média, rosto largo e de linhas regulares, sem barba e com cabelo comprido... a figura de Duarte de Armas!” (M.S.Castelo Branco)
Penamacor (uma planta e duas vistas)
Planta de Penamacor
Penamacor 1
Penamacor 2
“…Em algumas perspectivas são apanhadas, embora por forma imprecisa, outras fortificações portuguesas, vizinhas das principais visitadas…” (M. S. Castelo Branco)
Penamacor detalhe: Monsanto ao longe
Sabugal (uma planta e duas vistas)
Planta de Sabugal
imagem de IHRU-DGEMN
Pormenor de Sabugal: Duarte de Armas a cavalo e o seu ajudante atravessam uma ponte de pedra sobre o rio Côa.
Pormenor de Sabugal: um moinho de água com a indicação Ribeira Brava
Pormenor de Sabugal: o Cruzeiro e um altar com dois santos protectores dos caminhos e na legenda "Neste altar estão dois santinhos velhos de pau"
imagem de IHRU-DGEMN
Pormenor de Sabugal: O casario e a dupla muralha com deteriorações
Pormenor de Sabugal: um pelourinho de gaiola, desenhado com proporções exageradas para ser visível num rossio em frente à Porta da Vila.
Castelo Bom (uma planta e duas vistas)
Almeida (uma planta e duas vistas)
Almeida
“…Em algumas perspectivas são apanhadas, embora por forma imprecisa, outras fortificações portuguesas, vizinhas das principais visitadas…” (M. S. Castelo Branco)
Pormenor de Almeida: Castelo Rodrigo
Para além das bandeiras com as Armas de Portugal, aparecem por vezes estandartes com as Armas de D. Manuel (a Esfera Armilar) ou a Cruz de Cristo
Miranda do Douro (uma planta e duas vistas)
Pormenor de Miranda do Douro: uma ponte (ponte dos Canos?) sobre o rio (Fresno?) e dois moinhos de água
Pormenor de Miranda do Douro: uma fonte com as armas reais
Pormenor de Miranda do Douro: o estandarte de D. Manuel I
Bragança (uma planta e duas vistas)
Planta de Bragança com destaque da Torre de Menagem
Bragança vista 1
Pormenor de Bragança: Duarte de Armas e o seu ajudante, a pé.
Bragança vista 2
Pormenor de Bragança: Duarte de Armas, a cavalo com o seu ajudante.
Pormenor de Bragança: um patíbulo com um enforcado
A Bandeira com as Armas de Portugal hasteada na Torre de Menagem, nas duas vistas de Bragança
Chaves (uma planta e duas vistas)
Pormenor da ponte romana sobre o rio Tâmega. Vê-se ainda o Arrabalde da Madalena, o grupo de casas, à entrada nascente da ponte, o Arrabalde do Rio ou de Baixo: Localizado na margem direita do rio Tâmega, logo à saída da ponte.
No primeiro plano junto da ponte o Arrabalde do Postigo
Pormenor da ponte das Caldas sobre o ribeiro de Ribelas (via para Braga)
Pormenor da outra ponte sobre o ribeiro de Ribelas (via para os campos) e do Arrabalde do Anjo ou de Cima: Localizado a norte, próximo da porta do Anjo.
Valença (uma planta e duas vistas)
Como salienta Manuel da Silva Castelo Branco, em algumas imagens “… aparecem os desenhos bem definidos de algumas fortalezas da raia castelhana…” de que o mais significativo parece-nos ser a cidade de Tuy, na Galiza nesta imagem de Valença do Minho, vista do sul.
Pormenor de Valença: a cidade de Tuy e embarcações no rio Minho.
Caminha (uma planta e duas vistas)
Caminha vista de Sul.
Pormenor de Caminha: uma nau fundeada e uma barca no rio Minho.
Pormenor de Caminha: a nau que navega no horizonte.
Caminha vista de nascente, com o rio Coura desembocando no rio Minho.
Pormenor de Caminha: Duarte de Armas e o ajudante de barco no rio Coura
Pormenor de Caminha: o estaleiro naval.
Pormenor de Caminha: duas embarcações fundeadas no rio Minho.
Pormenor de Caminha: duas embarcações navegando ao largo
Pormenor de Caminha: embarcação aproximando-se de Sul.
Barcelos (uma vista)
Sintra (três vistas)
Uma das três vistas de Sintra com o Palácio Real.
Segundo Manuel da Silva Castelo Branco, vários autores atribuem ainda a Duarte de Armas a iluminura com uma vista de Évora que decora o Foral que D. Manuel outorgou a esta cidade e que se encontra no seu Arquivo Municipal.
E ainda a Panorâmica de Lisboa do século XVI existente na Biblioteca de Leyde Holanda, de que mostramos alguns pormenores.
Ainda segundo Manuel da Silva Castelo Branco cerca de 1650, Brás Pereira de Miranda copia e aguarela muitas destas vistas de Duarte de Armas e reúne-as num caderno intitulado Fronteira de Portugal Fortificada pelos Reys deste Reyno, tiradas estas Fortalezas no tempo del Rey Dom Manoel.
O manuscrito“Planos de ciudades de los Países Bajos” 1545
Em 1545 Jacob Roelofs van Deventer (ca. 1500/1505 - 1575) executa a pedido de Carlos V (1500-1558) um manuscrito “Planos de ciudades de los Países Bajos” uma obra em três partes compreendendo respectivamente as plantas das cidades de Bravante (uma parte que se perdeu), dos Países Bajos meridionales e dos Países Bajos septentrionales, e que se encontra na Biblioteca Nacional de Espanha (Biblioteca Hispanica Digital).
As planta são desenhadas à pena e coloridas com aguarela. Representam as cidades no seu enquadramento geográfico com a edificação desenhada em perspectiva. Mas Deventer acrescenta uma “janela” em que representa a cidade à mesma escala, limitada à cidade edificada e indicando e desenhando as portas, os principais edifícios, e a estrutura dos arruamentos. Como exemplo a cidade de Groernighen
Os Livros de Cidades
Quando por volta de 1439 Gutenberg (c. 1398 -1468) inventa a moderna impressão de livros, torna possível a rápida cópia, a divulgação de textos e a criação dos livros. Rapidamente esses livros começam a ser ilustrados. E da conjugação das vistas da cidade e do livro ilustrado irá nascer um novo tipo de livro impresso, que se convencionou chamar de Livro de Cidades.
Seguiremos no essencial, o texto de Wolfgang Behringer, La Storia dei grandi Libri delle Città all’inizio dell’Europa moderna, (in Città d’Europa, a cura di Cesare de Seta, Electa Napoli 1996), traduzindo do italiano, fazendo as adaptações que nos parecem necessárias e procurando ilustrações sobretudo de cidades portuguesas.
O Fasciculus temporum… de Werner Rolevinck c. 1470
Por volta de 1470 Werner Rolevinck (1425–1502) um monge da cartuxa de Colónia escreve um manuscrito a que chama Fasciculus temporum… que é impresso e cujas edições publicadas em Veneza, Sevilha, Utreque, e outras cidades incluíam uma xilogravura representando um cidade imaginária. No entanto na edição de 1474 de Colónia aparece, embora de uma forma rudimentar representada Colónial (Koln) à época a maior cidade da Alemanha.
Werner Rolevinck (1425–1502) Colónia in Fasciculus temporum… 1480
A Crónica de Nuremberg (Liber Chronicarum) de Hartmann Schedel 1453
Hartman Schedel (1440-1514), um médico e humanista de Nuremberg escreve a Liber Chronicarum que se tornou conhecida pela Crónica de Nuremberg, que é uma história do mundo desde a criação até sua publicação em 1493. A sua estrutura segue a história humana relatada na Bíblia, incluindo digressões sobre catástrofes naturais, genealogias reais e as histórias de uma série de importantes cidades do Ocidente. Foi encomendada por Sebald Schreyer (1446-1520) e o seu cunhado Sebastian Kammermaister (1446-1503), ilustrada e gravada por dois artistas Michael Wohlgemut (1434-1519) e Wilhelm Pleydenwurff (c. 1450-1494) e publicada pela Anton Koberger, (1440-1513) o maior editor na Alemanha da época.
A Crónica é considerado um dos mais notáveis exemplos dos primeiros livros impressos,por integrar texto e ilustrações de notável qualidade. Tornou-se assim uma obra muito procurada, com aproximadamente 2.500 exemplares impressos e edições em latim e alemão, tendo mesmo sido editada em Augsburgo por Johann Schönsperger (c. 1455- antes de 1521),numa versão “pirata” em 1497, mais barata que pretendia atingir um público mais vasto.
O livro é sobretudo conhecido pela imagem de Nuremberga.
Michael Wolgemut e Wilhelm Pleydenwurff, Vista de Nuremberga, xilogravura in Hartmann Schedel, Liber Chronicarum (Crónica de Nuremberga), impresso em Nurenberga por Anton Koberger, 1493 Museu da cidade de Nuremberga
Esta, a primeira vista publicada da cidade, mostra uma cidade densamente construídas rodeado por imponentes muralhas e torres. O castelo imperial domina a cidade a norte. No primeiro plano o Rio Pegnitz. A Porta principal (Frauentor) é encimada pela a águia imperial de duas cabeças. No primeiro plano um homem transportando um cesto passa diante de três cruzes, alusão às relíquias sagradas (a lança que perfurou Cristo e um pedaço da verdadeira Cruz) existentes na cidade de Nuremberga. Schedel localiza temporalmente Nuremberga, no início da sexta idade do mundo, que começa com o nascimento de Cristo e inventa uma origem romana de Nuremberga referindo-a ao imperador (Tiberius Claudius) Nero, colocando-a na Crónica junto com Viena, esta na verdade uma cidade de fundação romana.
Mas, para além de Nuremberga, o livro apresenta genealogias bíblicas e dinásticas, 2 Mapas do Mundo segundo Ptolomeu, 78 vistas de diversas cidades, com rigor as cidades mediterrânicas (Florença, Roma, Génova, Rodes, Heraklion e Constantinopla), as perto de 30 vistas das cidades do norte e centro da Europa (Lubeque, Salzburgo, Estrasburgo e Breslau) mas outras como Paris ou Milão são totalmente inventadas. O livro apresenta ainda mapas da Europa do Norte e Central.
Um anúncio publicitário do editor Anton Koberger (ca. 1440-1513) ilustra a finalidade destas ilustrações: “lendo, ficareis de tal modo fascinados que esquecereis que estais lendo e vos parecerá ser testemunhas de épocas passadas. Vereis …os lugares das cidades e das regiões mais famosas da Europa” (Wolfgang Behringer op.cit.)
Schedel, Hartmann, 1440-1514 - Hierosolima 1493
gravura 19 x 22,5 cm.imp. Nuremberga, Universidade de Jerusalém
Schedel, Hartmann, 1440-1514 Destruccio Iherosolime [Nuernberg], [1493]. 260 x 535 mm. Universidade de Jerusalém
Na Crónica de Nuremberga Portugal é referido na carta Portugalia (folha299)
A imagem é totalmente inventada já que apresenta uma arquitectura nórdica (repare-se nas coberturas e na taipa à vista), apesar de mostrar uma cidade ribeirinha com o castelo num ponto mais elevado.
A Cosmographia de Sebastian Münster 1544
Quando Sebastian Münster (1489-1552) de Basileia publicou a sua primeira edição da Cosmographia, em 1544, esta apenas continha 6 vistas urbanas realistas entre as quais Roma, Jerusalém, Ingelheim e Basileia.
Sebastian Münster,, 1489-1552. Ierusalem ciuitas sancta, olim metropolis regni Iudaici, hodie uero colonia Turcae Basel], [1550] 151x375 mm Univ. de Jerusalém
“Numa carta para um político sueco Georg Normann (1490-1552) (Münster) ilustrou o seu objectivo: “mostrar as cidades mais importantes da Germânia na sua realidade, se assim posso dizer, e desenha-las em perspectiva” (Wolfgang Behringer op.cit.)
Depois de algumas dificuldades na elaboração da obra, já que era professor em Basileia não tendo por isso possibilidades de se deslocar para fazer os seus desenhos “do natural”, foi com a ajuda de amigos que lhe enviaram desenhos das suas cidades, que Münster pode finalmente publicar, em 1526, a sua Cosmographia.
A edição de 1550 da Cosmographia teve um sucesso sem precedentes graças às sua 60 estampas de cidades, tendo atingido as 150 estampas na edição de 1628.
Com mais de 20 edições em seis línguas – latim, alemão,francês, italiano, inglês e checo – o número de cópias atingiu, numa estimativa por baixo as 50 000..
Para além dos mapas o texto é ilustrado com retratos de reis e príncipes, figuras de usos e costumes, fauna e flora, monstros, maravilhas e horrores.
Mapa Mundo incluindo o continente americano inserto na Cosmographia (1553)
Na Biblioteca Nacional existe um exemplar da Cosmographia (Livro VI) da edição em latim de 1552.
MUNSTER, Sébastien, 1489-1552
Cosmographiae uniuersalis Lib[ri] VI. in quibus, iuxta certioris fidei scriptorum traditionem describuntur, Omniu[m] habitabilis orbis partiu[m] situs, propriaeq[ue] dotes. Regionum Topographicae effigies. Terrae ingenia, quibus fit ut tam differentes & uarias species res, & animatas & inanimatas, ferat. Animalium peregrinorum naturae & picturae. Nobiliorum ciuitatum icones & descriptiones. Regnorum initia, incrementa & translationes. Omnium gentium mores, leges, religio, res gestae, mutationes : Item regum & principium genealogiae / Autore Sebast[iano] Munstero. - Basileae : apud Henrichum Petri, 1552. - [24] p., 13 mapas, 1162, [2] p. : il. ; 2º (33 cm) http://purl.pt/13845 BND
A Cosmographia, na sua edição de 1598 inclui uma vista de Lisboa, em que dois anjos seguram as armas de Portugal, tendo por baixo escrito LISBONA.
No entanto como muito bem assinala o excelente blogue prosimetron http://prosimetron.blogspot.com/
“Esta gravura é uma cópia retocada da gravura publicada pela primeira vez na obra de Georg Braun e Frans Hogenberg, Civitates Orbis Terrarum, Vol. I, Colónia, 1572. As únicas diferenças encontram-se no número de embarcações existentes no Tejo, e no céu de Lisboa que, na da Cosmographey, tem as armas de Portugal sustentadas por dois anjos.”
Existe um exemplar não colorido, da mesma gravura na Biblioteca Nacional, sem data, mas atribuído à edição de 1628.
Münster, Sébastien, 1489-1552, [S.l. : s.n., 1628?]
Estampa pertencente à obra "Cosmographei..." de Sebastian Münster, da edição em língua alemã de 1628 (?)
1 gravura : xilogravura, p&b Dim. da comp. sem letra: 22,3x36,2 cm
O Theatrum Orbis Terrarum de Abraham Ortelius 1570
Abraham Ortelius (Abraham Ortels) (1527 -1598) que nasceu em Antuérpia, tornou-se em 1547 cartógrafo pertencendo à guilda de São Lucas na sua cidade natal, tendo realizado diversas viagens por toda a Europa. Em 1560 possivelmente por influência do seu amigo Gerard Kremer (Gerardus) Mercartor (1512-1594), dedica-se à compilação do seu atlas Theatrum Orbis Terrarum (Teatro do Mundo). Este, não é propriamente um Livro de Cidades, pois apresenta diversos mapas dos continentes e de países entre os quais Portugal, e um mapa mundo executado em 1564, e que mais tarde foi também incluído em formato reduzido no Theatrum. No entanto, com a Cosmographia de Münster, a obra de Ortelius teve profunda influência na cartografia e nos livros de cidades posteriores, em particular na obra de Braun e Hogenberg.
Um dos dois mapas de Salzburgo, apresenta a cidade desenhada em perspectiva
Abraham Ortelius - Salisburgensis iurisdictionis, locorumque vicinorum vera descriptio
Antuérpia 1570 gravura em cobre, colorido à mão, 32 x 42 cm, com armação de 33,5 x 43,5 cm.
Um mapa de Portugal da autoria de Fernando Álvaro ou Álvares Seco (?-?) foi incluído logo na 1ª edição do Theatrum Orbis Terrarum
SECO, Fernando Álvares, fl. ca 1559-1561 Portugalliae que olim Lusitania, novissima & exactissima descriptio 1561
Versão coloridad da gravura 33,80x51,10 cm, em folha de 36,30x53,20 cm
E ainda figura um mapa dos Açores.
Abraham Ortelius -Açores Insulae 1584 - (incluído na edição francesa de 1587)
1 mapa: gravura em cobre, colorido à mão, 43,5 x 30 cm, com armação de 32,5 x 46,5 cm.
Na cartela superior esquerdo: "Privilegio Imp. et Reg. Maiest. necnon ordinum Belgicor. Anúncio década.
Na parte inferior da cartela esquerda: "Tem insulas perlustravit summàque Diligentia accuratissimè descripsit delineavit et Ludovicus Teisera Lusitanus, cosmographus Regiae Maiestatis. Anno um nato Christo, MDLXXXIIII. BND
Verso: texto em língua francesa
O Civitates orbis terrarum de Braun & Hogenberg 1570
O Civitates Orbis Terrarum tem um papel fundamental na história da cartografia mundial, e é o primeiro atlas impresso dedicado à representação das cidades. Os seus criadores foram o teólogo e editor Georg Braun (1542-1622), o mais importante gravador e editor Franz Hogenberg, a gravadora de Simon van den Neuvel, o artista eo relator Georg (Joris) Hoefnagel, o topógrafo Jacob van Deventer e outros. .
O rosto do Livro Primeiro Civitates Orbis Terrarum. À esquerda o exemplar da Biblioteca Nacional de Portugal
O rosto do Livro Terceiro Urbium Praecipuarum totius mundi. À esquerda o exemplar da Biblioteca Nacional e à direita a versão colorida
O rosto do Livro Quarto Urbium Praecipuarum totius mundi e do Livro Quinto Urbium mundi theatrum exemplar da BNP
Georg Braun (1542-1622), refere no prefácio à sua primeira edição 1574 que o seu modelo foi o Theatrum orbis terrarum de Abraham Ortelius.
Braun insiste em afirmar que com o seu sócio Franz Hogenberg, apenas apresenta imagens tomadas da realidade e que “este tipo de livro nunca foi antes publicado nem em Itália, nem em França nem em alguma parte”.
A primeira edição, num só volume, incluía 139 vistas de cidades e nas edições seguintes, com vários volumes, de 1572, 1575, 1581, 1598, e 1618, o número foi aumentando até atingir 546.
Os mais de 500 mapas, contidos no atlas, representam toda uma época na história da cartografia da cidade. Seis volumes do atlas foram publicados entre 1572 e 1617. Vol. 1: Civitates Orbis Terrarum. - Vol. 2: De Praecipuis, totius universi urbibus. - Vol. 3: Urbium Praecipuarum totius mundi. - Vol. 4: Urbium Praecipuarum totius mundi. - Vol. 5: Urbium mundi theatrum. - Vol. 6: Theatri Praecipuarum totius mundi urbium
A cidade é normalmente colocada em segundo plano, enquanto no primeiro plano e na paisagem circundante figuram representações dos habitantes típicos de cada cidade. Essas representações visuais de pessoas serviam, não só para aumentar o conteúdo dos mapas, mas para evitar o uso dos mapas pelos muçulmanos já que o Islão proíbe imagens de seres humanos.
Como exemplo escolhi a cidade de Florença, visto ser uma das cidades, com Veneza e Nápoles, mais representadas nos séculos XV e XVI, já que nela nasceu o projecto com Filippo Brunelleschi (1377 — 1446), o desenvolvimento da perspectiva,e o uso desta para “planear” a cidade.
Braun & Hogenberg Florentia Civitates Orbis Terrarum volume I da 1ª edição em latim 1572 Universidade hebraica de Jerusalém
Embora a maior parte das cidades representadas sejam na Europa ele apresenta vistas de cidades da África, da Ásia e da América do Sul.
Em 1657, o atlas então com oito volumes, e organizado por países foi impresso numa edição completamente revista.
No Civitates Orbis Terrarum, figuram três cidades de Portugal Continental, Lisboa, Coimbra e Braga, para além de diversas cidades das possessões ultramarinas.
O Porto, infelizmente não aparece representado!
( Nota - Apresentamos as vistas das três cidades Lisboa, Coimbra e Braga, apenas apontando alguns dos elementos representados, não procurando, por demasiado extensa, expor a sua situação no século XVI e a sua evolução urbana, o que, como o Porto quinhentista, e as cidades portuguesas ultramarinas ficará para outras mensagens !)
Lisboa
Na edição de 1572 Lisboa, com o título LISBONA, é apresentada em duas vistas, a superior de Lisboa vista do Tejo e a inferior da margem desde Belém até Cascais.
A Versão existente na Biblioteca Nacional (BND)
Braun & Hogenberg Olisipo, sive ut pervetustae lapidum indcriptiones habent, Ulysippo, vulgo Lisbona florentissimum Portugalliae emporiv.; Cascale et Batheleem opp[idula]
S.l. : s.n.2 vistas, numa folha : gravura, p&b ; 34,50x48,20 cm, em folha de 38,50x51,70 cm
Provavelmente publicadas em: "Civitates orbis terrarum", liber primus, de Georgius Braun , em 1572, ou em edição posterior
No verso apresenta texto em latim
A Versão colorida
Braun & Hogenberg - LISBONA Civitates Orbis TerrarumI – 1ª edição do vol. I, em Latim de 1572. Universidade Hebraica de Jerusalém
A vista de Lisboa
Pormenor da vista de Lisboa: a cartela com a legenda
OLISIPO VT PERVETVSTAE LAPIDVM INSCRIPTIONES HABENT, VLYSIPPO VVULGO LISBONA FLORENTISSIMVM PORTUGALLIAE EMPORIV.
Pormenor da vista de Lisboa: o Paço Real, a Ribeira das Naus e o Terreiro do Paço
Pormenor da vista de Lisboa: o Rossio com o Hospital de Todos os Santos e a Casa dos Estaus.
Pormenor da vista de Lisboa: a Sé, o Castelo de S. Jorge,
Pormenor da vista de Lisboa: o limite poente
Pormenor da vista de Lisboa: o limite nascente
A vista de Belém até Cascais
Pormenor: Betheleem (Belém) e o Mosteiro dos Jerónimos
Pormenor: CASCALE Lusitaniae opp, a cidadela de Cascais
Na edição de 1598 surge uma outra vista de Lisboa, OLISSIPO quae nunc Lisboa civitas amplissima Lusitaniae ad Tagum…com as Armas Reais e as Armas de Lisboa ladeando uma rosa dos ventos e com os edifícios e espaços públicos numerados correspondente a uma legenda na parte inferior.
Foi esta gravura que foi utilizada em 1672 para F. Jollain, fantasiosamente representar Nowel Amsterdam en Lamerique (New Amsterdam na América), ou seja a futura New York. Ver neste blogue Mais sobre a Duquesa de Borgonha e Jan van Eyck. em 17/07/2010
Braun & Hogenberg – OLISSIPO quae nunc Lisboa civitas amplissima Lusitaniae ad Tagum…
Civitates Orbis Terrarum volume V da edição em Latim de 1598 Universidade Hebraica de Jerusalém
Pormenor: A vista centra-se agora na cidade ribeirinha, na articulação entre o Terreiro do Paço e o Rossio, entre o Paço, o Hospital de Todos os Santos e a Sé.
Pormenor: O Bairro Alto com a sua estrutura regular
Coimbra
A cidade de Coimbra aparece numa gravura com o título Illustris civitatis Comimbriae in Lusitania ad flumen Illundam effigies provavelmente no "Civitatis Orbis Terrarum". Coloniae Agrippinae, com uma cartela onde um texto em latim descreve a cidade. A versão existente na Biblioteca Nacional.
Braun & Hogenberg - Illustris civitatis Comimbriae in Lusitania ad flumen Illundam effigies (16??).
gravura, p&b ; 28,50x45,90 cm em folha de 37,50x53,80 cm http://purl.pt/1706 BND
A versão colorida da Universidade de Jerusalém
Braun and Hogenberg Civitates Orbis Terrarum volume V 1ª edição em Latim 1598 Universidade Hebraica de Jerusalém
Pormenor da cartela com a legenda em latim, e os dois letrados que discutem com livros abertos
Pormenor legendado com ff – o mosteiro de S. Francisco; com gg – o mosteiro de Santa Clara; com dd – a ponte e com ee – a ilha no Mondego
N- igreja de Santa Cruz P – Forum, terreiro de Santa Cruz (praça 8 de Maio) Q,T,V – fontes S - mosteiro de santa Cruz
E – Sé de Coimbra F- Ruínas romanas G-igreja de S. Cristóvão H - Porta Almedina I – Colégio dos Jesuítas
A – Escola pública B- Antigo Castro C- Porta do Castro D – Aqueduto L – Escola dos Jesuítas
Braga
Braga é também cartografada no Civitates orbis terrarum, numa vista de Sul para norte centrada na Sé.
Na Biblioteca Nacional existe um exemplar com o título de Noua Bracarae Avgvste descriptio
Noua Bracarae Avgvste descriptio [S.l. : s.n., entre 1572 e 1588?]Data provável baseada na edição da obra "Civitates orbis terrarum", 1572-1618
gravura : água-forte, p&b. - . - Dim. da matriz: 36,3x50,1 cm Texto em latim no verso. – BND
Estão assinaladas as Portas de St. António, dos Maximinos e de Santiago; o Castelo; a Sé, as igrejas da Sr.ª Branca, da Cividade, de S. Vicente, de S. Pedro de Maximinos e de S. Victor; a Sinagoga, a Residência do Bispo, a Albergaria e o Hospital.
Junto do exterior das muralhas os Campos da Vinha (Praça de Conde Agrolongo), de St. Ana (Avenida Central), dos Remédios (Largo de Carlos Amarante), de S. Tiago, das Carvalheiras e das Hortas
Exemplar a cores
Para se compreender a qualidade das gravuras do Civitates Orbis Terrarum, compare-se com esta fotografia aérea actual, quase do mesmo ponto de vista e também centrada na Sé.